segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ignorando Adriana Calcanhotto

Há muito que o sábado deixou de ser dia da vadiagem malemolente. Agora além da manhã de estudo, tenho uma tarde de serviços. Mas tudo bem, é esse tipo de coisa que evolui o espírito. E na tarde desse último sábado, eu deveria ter ido à palestra do trabalho voluntário obrigatório (vulgo trabalho escravo), mas consegui escapar, graças ao bom Vagner, que me designou serviços mais interessantes no teatro, como arrumá-lo para a visita da Adriana Calcanhotto.              

A entrevista com ela foi melhor do que eu esperava. Ela é menos seca do que eu imaginava. É engraçado analisar como ela passa sensações diferentes. Enquanto eu estava na plateia ela me pareceu um tanto carrancuda, mas quando subi ao palco, ela tinha uma expressão sorridente, mesmo sem sorrir. Ah, sim, este foi o cume do evento: a profa. Regina chamou ao palco os vencedores do concurso literário, e como eu era a primeira da fila, fui um guia meio perdido. Cheguei ao palco ainda sem saber o que fazer, ninguém me havia instruído, e eu sabia que, não importava o que eu fizesse, o resto da fila me seguiria. E isso era muito mau. Então eu, caradepaumente, fui até ela, e como a indigna nem se levantou para me cumprimentar, abracei-a ali mesmo, quase sufoquei a mulher, e pedi que autografasse meu livro. Minha atitude deve ser sido tão idiota, que, para minha surpresa, o resto da fila não me seguiu. Nesse instante me chama  Janaína, que estava ao lado da escada que dava acesso ao palco:

Jana: Bianca, lê o texto!? Cadê
Eu calma: Tá ali embaixo, relaxe.
Adriana Calcanhotto: Ei, qual o seu nome?
Eu ,atrapalhada, de costas para ela, gritando em cima do palco: Guilheeerme, cadê meu teeexto?
Adriana Calcanhotto:  ...
Eu nervosa: É Bianca, Bianca Sampaio!!!

Novamente dei as costas a Adrix eu comecei a ler o texto, já sabendo que a platéia ia dormir na metade. Não apenas eu senti, como todos perceberam a folha de papel vibrando freneticamente em minha mão. É, nem tava nervosa.

Em um momento do texto, depois de ter falado no microfone “o copo de conhaque”, pensei: droga, deveria ter dito “o copo de coca-cola”. Duas linhas abaixo tinha outro conhaque, mas aí já não adiantava mudar, porque transformar conhaque em coca-cola, aí nem Jesus! Consegui terminar o texto sem desmaiar e peguei de volta meu livro, agora já autografado com os dizeres “A Bianca a Saga Lusa, com palavras que me faltam.”

Não sei se ela simplesmente não estava a fim de escrever, ou se devo acreditar no meu professor, que disse que ela até parou de autografar só para me ouvir e ficou sem palavras. Por via das dúvidas, escolho a segunda. Para algo nessa vida eu tenho que servir!

Amanhã eu posto o famigerado (pelo menos para meu professor de matemática, que teve que aceitar a justificativa de não estudado pro teste no fim de semana) texto.

Nenhum comentário: