sexta-feira, 1 de maio de 2009

Uma manhã cinza

Essa cor, que é de dia que ainda é noite, faz a gente acordar tarde, não tem jeito. Mas até poder-se realmente olhar o dia, há todo um ritual. Um quê de abrir os olhos de mansinho, como a espiar se já é mesmo a hora, e a dúvida faz tudo fluir devagar numa manhã de sexta- feriado. Levantar da cama com quem ainda dorme; os cabelos em sua rebeldia matinal. No trajeto entre o quarto e o banheiro, um corredor que faço ficar infinito num caminhar paciente. O espelho ri de mim, não como quem zomba, mas de realmente ver certa graça em cena tão pitoresca.

Volto ao meu cenário original em sua arrumação peculiar: cama desfeita com bichos de pelúcia espalhados, um tênis roxo largado no chão, escrivaninha espalhafatosa, de livros espalhados, cd’s espalhados, canetas, relógio, remédios, compromissos, saudades, perfume, papéis de fruittela, papéis de texto, papéis de recados, uma câmera polaroid quebrada, e em algum ponto, eu, vestida com meu melhor pijama de ovelhinhas, ao som do Canto de Ossanha, pensando em como seria a manhã se o sol estivesse mais vivo, ou se eu mesma tivesse acordado mais tarde, ou se simplesmente o mundo não tivesse acordado. Não hoje.

Nenhum comentário: